O anúncio de que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - que recentemente completou 100 anos de existência - corre o risco de fechar as portas, sensibiliza a população e mobiliza a sociedade. Os motivos seriam cortes e bloqueio na liberação de verbas do governo federal, que inviabializam à universidade arcar com os gastos relacionados à segurança, limpeza, eletricidade, água e compra de insumos nos campus e demais órgãos da universidade. A crise pode atingir pesquisas importantes focadas na pandemia e as nove unidades hospitalares da instituição, que criaram mil leitos para Covid-19 no país.
Em Macaé, a universidade tem atuação fundamental e afeta o cotidiano da população. A Prefeitura, através da Secretaria Adjunta de Ensino Superior, se solidariza com a UFRJ por entender a relevância do Ensino, da Pesquisa e da Extensão como elementos fundamentais para o desenvolvimento da sociedade, e também por reconhecer os esforços da academia para a melhoria da qualidade de vida a partir das inovações. A interiorização das Universidades é fundamental para o processo de democratização da educação e ter instituições de ensino como FeMASS, UFF, UFRJ, IFF e UENF em Macaé é motivo de orgulho. Fundador do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade de Macaé da UFRJ (NUPEM-UFRJ), o professor Chico Esteves frisou que Macaé pode ser diretamente afetada com esses cortes, ao citar que muitos pacientes fazem tratamentos nos hospitais da universidade. “Pacientes macaenses de parkinson, alzheimer, diabetes, doenças de alta complexidade, como o câncer, e até mesmo crianças tratam leucemias em nosso hospital pediátrico. A população também vai ser afetada dessa maneira: a UFRJ desenvolve dezenas de pesquisas sobre como explorar petróleo no pré-sal. E também a biodiversidade do município que é levantada, diagnosticada através do Nupem, será seriamente afetada. Os prejuízos são enormes, sem contar os prejuízos ligados à formação de recursos humanos: não se forma recursos humanos de qualidade sem pesquisa”, opinou o professor, ressaltando que país rico não é aquele que tem petróleo, mas sim conhecimento. Medicina UFRJ/Macaé – O professor da Faculdade de Medicina da UFRJ no município, Irnak Marcelo Barbosa, ressaltou a necessidade do orçamento para o funcionamento da UFRJ, citando a quantidade de pessoas que fazem parte deste universo que vai além do ensino e pesquisa. “É quase uma Quissamã e uma Carapabus juntas. Esse orçamento não acompanhou a correção inflacionária e nem o aumento do número de estudantes. Mesmo com os cortes, a UFRJ precisa honrar compromissos. E se não tem orçamento, infelizmente tem que paralisar, mesmo estando em ensino remoto”, pontuou o professor.
FeMASS – A direção da Faculdade Municipal Professor Miguel Ângelo da Silva Santos (FeMASS) também se solidariza e se mostra preocupada com o impacto desta ação no enfrentamento da pandemia. “Considerando que o orçamento destinado às 69 Universidades é 18 a 16 % menor que o destinado no ano passado, todas as instituições federais serão afetadas com esse corte orçamentário. Preocupa-nos também o comprometimento com a assistência estudantil. Colocamo-nos solidários e apreensivos quanto à consequência desta realidade de corte comprometendo o direito de melhora na qualidade de vida através da educação de todo o nosso país”.
UFF – O diretor do Instituto de Ciências da Sociedade de Macaé (UFF), Daniel Arruda Nascimento, também se posicionou quanto ao assunto. “A universidade pública é um patrimônio do país, investir na sua manutenção e no seu crescimento é absolutamente estratégico para a construção de uma sociedade educada, democrática, solidária e inclusiva. Mesmo uma economia forte depende de quanto qualificada é a formação profissional de seus cidadãos”.
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