Aos 42 anos, Rodrigo Bacellar tornou-se, em seu segundo mandato para deputado estadual, o primeiro campista a presidir a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Considerado um dos políticos mais próximos ao governador Cláudio Castro, de quem foi secretário de Governo na gestão anterior e no início dessa atual, ele afirma que fiscalizar o Executivo é imperativo, mas que aprovar projetos do governo que tenham real interesse público é uma de suas missões.
Bacellar é uma das expressões na nova política de Campos, onde se pode perfilar seus contemporâneos: o prefeito Wladimir Garotinho, o ex-prefeito Rafael Diniz, o deputado Bruno Dauaire e Caio Viana. Irmão do atual presidente da Câmara de Vereadores, Marquinhos Bacellar, e filho do ex-deputado estadual Marcos Bacellar, Rodrigo tem política nas veias. Os mais próximos afirmam que seu temperamento forte convive, na medida certa, com seu lado conciliador.
Rodrigo diz que fará uma gestão diplomática na Alerj, e que todos os segmentos da sociedade terão seus direitos e interesses sempre em pauta. Para ele, a prioridade é o estado do Rio de Janeiro como um todo, desde a região metropolitana até ao menor município.
Qual é o sentimento de ser o primeiro campista a assumir a presidência da Alerj?
O sentimento é de responsabilidade. E tudo começou em Campos, ao lado de um grupo que sempre acompanhou nossa família em todos os momentos. Sei de onde vim e nunca abri mão das minhas raízes. Na gestão como secretário de Governo, levamos o Segurança Presente para Campos, além de ações em áreas como Saúde, Esportes e infraestrutura.
Seu antecessor implantou um Fundo Soberano alimentado com recursos dos royalties do petróleo. Essa é uma ferramenta de desenvolvimento para todo o estado?
É preciso seguir discutindo de forma ampla sobre o futuro do nosso estado. Não podemos ter municípios deitados no berço esplêndido dos royalties, nem parados no que diz respeito a buscar outras fontes. O Fundo é importante, assim como é de extrema importância um debate amplo sobre o fortalecimento das vocações de cada município e a busca por novas receitas, gerando emprego e renda.
O senhor abdicou de ser secretário de Governo para presidir a Alerj. Foi uma decisão tomada em conjunto com o governador Cláudio Castro para garantir a continuidade de uma governança aprovada pelos fluminenses?
Entendo que a política é dinâmica e novos desafios se apresentam. Cumpri o meu papel na Segov, ao lado do governador Cláudio Castro, ampliando o programa Segurança Presente em um grande programa de expansão. Criamos, também, o RJ Para Todos, que atua no campo social. Entre as medidas está a oferta de oportunidades para reinserir pessoas que hoje moram nas ruas. Mais do que assistência, é um programa que investe na capacitação, preparando para o mercado de trabalho. E agora, à frente da Alerj, também temos grandes projetos para deixar um legado importante no Legislativo.
O governador Cláudio Castro priorizou bastante o interior do Estado quando assumiu. Com o senhor na presidência da Alerj, isso tende a ser intensificado?
A gestão do governador Cláudio Castro abriu as portas para o interior, independente do tamanho e do número de habitantes dos municípios. E uma de nossas prioridades na Alerj é fazer o Legislativo cada vez mais presente em todas as regiões do estado. Vamos andar, olhar no olho e trazer a vontade dos cidadãos e cidadãs para a pauta da Alerj.
Parece que existem alguns projetos na Casa, do próprio Executivo, relacionados à logística do Porto do Açu, entre outros. O senhor pretende fazer um mutirão para destravar essas e outras pautas?
O Porto do Açu é a porta aberta para o desenvolvimento da região. Já deixei claro nas minhas primeiras entrevistas que não vamos medir esforços para acelerar no que for necessário. O Porto Porto do Açu é, hoje, o principal vetor de crescimento do estado e o maior complexo porto-indústria de águas profundas da América Latina.
É sabido que o senhor é um grande entusiasta do desenvolvimento regional. Haverá alguma comissão para tratar desse assunto?
Temos na Alerj a Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional, mas há, também, muitas outras com esse foco, como, por exemplo, a Comissão de Agricultura, que também é fundamental para fortalecer os municípios. Vamos trabalhar muito em sintonia com os setores produtivos para contribuir no desenvolvimento do nosso estado. Até porque, não existe programa social mais forte do que capacitação e trabalho.
Existem sempre polêmicas na Alerj que muitas vezes travam leis de incentivos e de desenvolvimento. Isso preocupa?
Discordar e debater é natural, mas isso não pode ser um impeditivo para o bom andamento de ações que beneficiem a população do estado do Rio. Minha atuação é muito prática e direta. Em momentos de tensão, não vai faltar diálogo em busca de consenso.
A questão tributária é uma prioridade? Me refiro a essa situação de empresas de outros estados venderem mais no Rio, o segundo maior mercado consumidor do país, beneficiados com brechas fiscais. A questão da guerra fiscal. Como resolver isso?
Entre tantos temas, temos um compromisso inadiável: fazer uma verdadeira reforma tributária. Devemos aproveitar o cenário positivo para rever e aperfeiçoar os diversos regimes com foco na promoção do desenvolvimento, geração de emprego e renda. E tudo, logicamente, debatido com todo setor produtivo e segmentos importantes da sociedade.
O estado do Rio apresenta alguns sinais de retomada da vitalidade econômica. Isso é realmente fato?
O Estado do Rio fechou 2022 com mais de 194 mil empregos gerados. Hoje, ocupa o 3º lugar no país de abertura de negócios, com mais de 295 mil empreendimentos. A política pública estadual atraiu negócios como a Magazine Luiza, a americana Amazon, a mexicana Kavak e a suíça Zurich Airport. Atualmente, o RJ tem mais de 1,7 milhão de empresas ativas. Além disso, o Estado voltou a investir em obras nos 92 municípios. E Alerj tem um papel muito importante em todo este processo de retomada.
O fato de o senhor ter passado pelo Executivo, conhecendo seus bastidores. É um ponto positivo para presidir a Alerj?
A passagem pelo Executivo foi muito importante e sempre conectada com a Alerj, já que a Segov é responsável pela interlocução com o Legislativo. E, sempre em sintonia com a Alerj, desenvolvemos muitos projetos importantes. Sem dúvidas a gente assume essa missão com um olhar muito atento ao que funciona e o que pode ser ampliado.
Existe algum projeto para sessões itinerantes da Alerj pelo interior?
Já temos na Alerj Comissões que atuam de forma itinerante com ações em todas as regiões. Mas vamos ampliar e levar a Alerj ainda mais perto da população, conectando a Casa ao povo não só pelas redes sociais, mas materializando isso em contato direto com o povo do nosso estado. Nunca fui político de ficar em gabinete. Vamos andar por todo esse estado.
A questão dos royalties do petróleo acende sempre um alerta nos estados produtores, principalmente Rio, Espírito Santo e São Paulo. Alguma tendência de relação entre os Legislativos destes estados sobre o assunto?
É um tema que nos deixa sempre em alerta. Vamos estar sintonizados com os Legislativos dos outros municípios produtores para montar estratégias em conjunto.
O senhor é um político jovem, considerado de temperamento forte, mas também habilidoso. Tem tido muita visibilidade em todo o estado. Qual o futuro político de Rodrigo Bacellar?
Minha ascensão foi muito rápida e tudo aconteceu graças não só ao meu trabalho, mas de toda nossa equipe. E seguimos todos muito concentrados nesta grande missão que é presidir a Alerj. Aqui, a gente trabalha muito e as vitórias são consequências desse trabalho, sempre vivendo um dia de cada
FONTE: JORNAL TERCEIRA VIA
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