Informação de que ele estaria comandando negócios de dentro da cadeia com o uso dos telefones chegou pelo Disque-Denúncia; direção da unidade foi exonerada
RIO — Quatro celulares foram encontrados, nesta terça-feira, dia 28, nas celas e galerias onde o ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "Faraó dos bitcoins", está preso. A vistoria na Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó, foi feita pela Corregedoria da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). De acordo com as informações, que chegaram pelo Disque-Denúncia (21 2253-1177), Glaidson e Tunay Pereira Lima, outro preso detido pela Operação Kryptos da Polícia Federal (PF), em 25 de agosto, estariam usando os celulares dentro da cadeia.
Os dois presos serão transferidos para a penitenciária de segurança máxima Laércio da Costa Pellegrino (Bangu 1) até que sejam concluídas as apurações da Corregedoria. A denúncia foi analisada pela Superintendência de Inteligência (Sispen) da Seap. Além dos aparelhos, foram apreendidas peças de carne "in natura". O secretário de Administração Penitenciária, Fernando Veloso, determinou que o diretor, o subdiretor e o chefe da segurança sejam exonerados. O material apreendido foi levado para 34ª DP (Bangu).
Na semana passada, a Seap já havia encontrado celulares na cela vizinha a de Glaidson. A Corregedoria da Seap está ouvindo policiais penais da Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, além da direção. Existem informações de que cada aparelho estaria sendo oferecido por R$ 50 mil ao ex-garçom, para que ele continuasse tocando os negócios de dentro da cadeia.
Conexão Dubai
Pouco menos de três meses antes de ser preso, em 25 de agosto, Glaidson foi parado pela Polícia Federal e por agentes da Receita Federal quando vinha de Dubai. Além da mulher, a venezuelana Mirelis Yoseline Díaz Zerpa, de 38, ambos estavam acompanhados de um outro casal. Segundo o relatório da PF, no dia 12 de junho, durante o desembarque dos quatro passageiros no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP), foram parados por agentes. O grupo levantou suspeitas pela grande quantidade de malas que transportavam. A Receita Federal descobriu que Glaidson e Mirelis traziam joias e valores em moeda estrangeira não declarados aos órgãos monetários.
No dia 28 de junho, era a vez de outros dois indiciados no inquérito da PF desembarcarem no mesmo aeroporto vindos de Dubai. Vicente Gadelha Rocha Neto e a esposa Andrimar Moryma Rivero Vogel. De acordo com o relatório da Polícia Federal, foi constatado que Vicente tinha contas correntes abertas nos bancos First Abu Fhabi Bank e Emirates NBD Bank, na cidade de Dubai.
Ao ser perguntado sobre o motivo da viagem pelos agentes alfandegários, no desembarque, ele justificou que foi comprar um imóvel naquela cidade dos Emirados Árabes. Trecho do documento da PF informa que: "não obstante apresentar certo incômodo por estar sofrendo fiscalização, quando indagado sobre as atividades profissionais que desenvolvia, fez questão de demonstrar conhecimento do mercado de criptoativos, especialmente bitcoins, tentando convencer os presentes que se trata de investimento altamente rentável e seguro".
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