Houve alguns condutores que se emocionaram, chegando a chorar, com a abordagem feita pelos cadeirantes da Lei Seca, nesta sexta-feira (24), na Avenida Atlântica, nos Cavaleiros. A ação foi realizada em parceria entre a Coordenadoria de Educação para o Trânsito da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e a Coordenadoria de Educação e Conscientização - Operação Lei Seca RJ, da Secretaria de Governo do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo foi a sensibilização dos condutores, por meio da abordagem dos cadeirantes da Lei Seca, para transmitir relatos das consequências da imprudência no trânsito.
Um dos integrantes da ação é Leandro Gabriel Rito, de 22 anos. Com 15, pegou a motocicleta do pai escondido – como já fizera outras vezes – e saiu com um amigo. Depois de beber em um bar a noite inteira, ele pegou a moto novamente para ir a outro lugar. Acabou batendo contra um muro. Isso foi em 2015. Cadeirante, hoje com 22 anos, ele é integrante da Operação Lei Seca. “Fazemos palestras também em escolas. Na época do meu acidente não tive essa orientação. Talvez se algum amigo ou uma pessoa tivesse falado comigo, tudo seria diferente”, conta.
Já Wellington Santos tinha 12 anos quando um veículo subiu na calçada e o atropelou. O motorista fugiu. Ficou três meses no hospital, quando “trocou as pernas pelas rodas”, como relata. “Fiquei trancado no quarto por dois anos”. Ele também é um dos que integram a equipe da Operação Lei Seca, trabalhando com a sensibilização aos condutores.
Tanto um, como o outro exemplo, são contundentes consequências do perigo que é o álcool e a direção e a imprudência dos motoristas.
“Por isso que estamos trabalhando firmemente com as ações educativas voltadas para os condutores, pedestres e ciclistas. Queremos que as pessoas reflitam e pensem nas consequências que uma direção imprudente, ou beber antes de dirigir, podem causar. Que sejam mais conscientes ao pegar no volante. Não existe desculpa e não vale a pena sofrer ou fazer o outro sofrer por conta da imprudência no trânsito”, pontua o Secretário de Mobilidade Urbana, Jayme Muniz, que participou da ação.
Operação Lei Seca vai completar 13 anos em 19 de março de 2022.
“Hoje, no Rio de Janeiro, temos uma aceitação de 90% da população. Nessa atividade aqui em Macaé, se estende além do Rio, e é muito bem aceita. O caminho é a educação, com a sementinha plantada e germinando em vários locais. O mais importante para nós é que essa missão é a de salvar vidas”, explica o coordenador de Educação e Conscientização da Secretaria de Governo do Estado do Rio de Janeiro, Francisco Granado.
Abordagem aos condutores
Durante toda a ação na orla, os condutores se mostraram bem receptivos. Foram distribuídos materiais educativos da prefeitura e adesivos da Lei Seca. A cada contato com os motoristas, a equipe da Lei Seca e da Mobilidade Urbana alertava para a prevenção aos acidentes nas vias. Os cadeirantes contavam um pouco de suas histórias de vida.
“Nada melhor do que ouvir de quem viveu essa experiência. Esse trabalho de conscientização é muito importante para a prevenção”, disse o gerente de vendas, Raphael Bispo.
“Isso é muito importante, evitaria muitas histórias tristes e tragédias familiares. É uma ação que tem que ser feita nas escolas regulares e na de condutores, para reduzir o número de acidentes”, afirmou a petroleira, Ana Carolina Campos.
“Não dirijo bêbado e não gosto de encontrar gente bêbada no trânsito. Eu rodo muito na cidade e vou colar um adesivo da Lei Seca na minha mochila de entrega para lembrar a todo mundo que álcool e direção não combinam”, disse o motoboy Álvaro Augusto.
Numa das abordagens, Marcelo Rosário, motoboy, desceu da sua motocicleta e também relatou sua história. Em 2016, num cruzamento no centro da cidade, ele colidiu com um veículo. Passou oito dias na UTI e um mês no hospital. Fraturou o fêmur, várias costelas e amputou parte de um dedo da mão direita.
“Tornei-me uma pessoa com deficiência. Tenho uma perna mais curta que a outra e uso uma bota especial para compensar a diferença. Esse acidente poderia ser evitado. Perdi o emprego e tive que me reinventar. Fiz curso técnico, faculdade e, agora, estou no inglês. Não podemos deixar as circunstâncias da vida atrapalharem. Ela recomeça, e eu precisei rever conceitos. A forma que eu conduzia não era profissional. Hoje, ganhei até prêmio – três dias em Búzios – pelo aplicativo, porque estou há cinco anos sem acidentes”, contou Marcelo.
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